Uma proposta demoníaca

Em janeiro de 2011 tive um sonho muito estranho! Não foi um pesadelo, mas me deixou um pouco assustado quando acordei e refleti sobre o mesmo. Sonhei que estava em minha casa, quando apareceu um indivíduo vestido socialmente e falando muito gentilmente. Ele estava em minha sala e eu o via de perfil. O que aconteceu em seguida foi algo que eu jamais sequer imaginei. Conforme o sujeito falava, saía de sua boca uma grossa corrente. Os elos eram de cor marrom, mas semitransparentes, ou seja, eles existiam, mas não na dimensão física. Cada palavra proferida por ele era um elo que se juntava ao último que saíra de sua boca, prolongando gradativamente a corrente com a finalidade de acorrentar os ouvintes daquele “cavalheiro”.

Foi então que ele se dirigiu a mim e pediu licença para lavar sua boca no banheiro. A porta do banheiro estava aberta, ele abriu a torneira, inclinou-se e lavou sua boca com bochechos. Até este momento eu contemplava a cena, mas não conseguia imaginar o que significava aquilo tudo. Não tinha juntado as peças ainda. Em seguida com muita lábia, como um experiente vendedor, o estranho visitante me apontou o dedo e me falou gentilmente: “Você sabia que mais de 80% da população mundial fala de acordo com as minhas palavras?”.
Foi somente neste instante que o quebra-cabeça se completou. Eu entendi tudo e lhe respondi em voz alta, um pouco assustado, mas firme: “Comigo não! Eu e minha família estamos comprometidos com Deus e Sua Palavra!” Imediatamente o sujeito sumiu e eu acordei.
Ao acordar daquele sonho, refleti sobre a demoníaca proposta que me foi feita e entendi que para se ganhar a notoriedade neste mundo você precisa agradar as pessoas. Você precisa falar o que elas querem ouvir. Do contrário estará fadado a ter poucos ouvintes. Fale um pouco da verdade, pois isso atrairá audiência e lhe dará o status de boa pessoa. Mas só um pouco da verdade. Fale de Deus, fale coisas boas, mas não diga toda a Verdade. Seja lisonjeiro. Elogie sempre. Elogie muito. Fale de prosperidade, fale de vitória, mas evite os termos “compromisso”, “honestidade” e “integridade”. Sobretudo evite a palavra “Cruz”. Se tiver que falar uma palavra mais forte com relação à Verdade, diga-a sorrindo e sem empregar muita ênfase, assim evitará que alguém a ouça verdadeiramente, pois não te levarão a sério. Será algo do tipo “que entra por um ouvido e sai pelo outro”. Este é o método satânico de se pregar o evangelho.
Bom, acho que você que está lendo este texto já entendeu perfeitamente qual o teor da proposta que recebi daquele visitante infernal. Neste ponto sou obrigado a ampliar esta reflexão, levantando uma importante questão:
Quanto podemos suportar da Verdade?
No capítulo 6 do evangelho de João, vemos Jesus multiplicar poucos pães e alguns peixes, alimentando com eles uma grande multidão. Por seu milagre tão fabuloso logo foi reconhecido pela multidão: “Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.” (João 6:14).
Até aí tudo seguiu o curso natural das coisas. A multidão recebeu um benefício e se agradou disso, elogiando o Mestre. No dia seguinte a multidão o procurou novamente. Atravessaram o mar em barcos e o encontraram ensinando na sinagoga de Cafarnaum. Jesus, então, confrontou estas pessoas com a Verdade: “Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (João 6:26-27).
Quando a Verdade nos é apresentada, uma luta espiritual se trava dentro de cada um de nós. É aí que pode ser medido o quanto suportamos da Verdade. É como uma imagem gravada da nossa situação espiritual. Poderíamos dizer uma “radiografia espiritual”? Tiago usa o termo “espelho” como comparação (Tiago 1:23,24). Qual é a nossa suscetibilidade à Palavra da Verdade? No caso da multidão que seguia a Jesus, a palavra deste provocou sua dispersão, pois não a podia suportar: “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto vos escandaliza? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida… Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele” (João 6:60-63, 66).
Pouco antes de sua morte, Jesus  afirmou aos seus discípulos: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” (João 16:12). Os discípulos suportariam toda a Palavra quando a obra do Mestre estivesse completa com a Sua ressurreição e tivessem já recebido a plenitude do Espírito Santo em pentecostes.
Mas, e agora? A obra de Jesus já foi completada. O Espírito já veio. Porque há tanta resistência à Verdade? Talvez por preferirmos dar ouvidos a fábulas ao invés de nos submetermos à Palavra de Deus? Fábula é algo que alimenta nossas ilusões e nos distrai. Alimenta nossos desejos e nos mantém relaxados. A fábula nos faz viver uma ilusão, quando deveríamos viver a realidade. Paulo, apóstolo, advertiu: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Timóteo 4:3-4). Com efeito, parece ser mais agradável ouvir coisas boas, promessas sempre positivas, isentas de responsabilidade e compromisso com a Verdade da Palavra de Deus. Parece ser mais interessante ir à igreja, cantar, ouvir “boas profecias” e não precisar mudar de vida, por exemplo. No entanto Jesus advertiu seriamente sobre este assunto: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.” (João 8:47). Jesus também citou em sua oração: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 17:17).  João em sua primeira carta mostra o mesmo entendimento, quando diz: “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro.” (1 João 4:6). Nesta passagem, João pelo Espírito, talvez sem saber, estava dando testemunho da canonicidade da Palavra de Deus.
Resta-nos posicionarmo-nos de forma correta e fiel a Palavra de Deus e a tudo o que lhe é intrínseco, dando um testemunho verdadeiro de luz nas trevas e sal que tempera e conserva a sociedade.
Isto não quer dizer que não seremos perseguidos. Ao contrário. Provavelmente não seremos nada populares, mas poderemos dormir tranquilos, sabendo que não aceitamos uma proposta demoníaca.
“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:12-17).

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